Senti-me usado por ti. Senti-me diminuído ao estado de um objecto que justifica o seu uso, nada mais... Usaste-me para acalmar a dor, para confortar as mágoas, usaste-me para te dar prazer, usaste-me quando precisaste de alguém para te ouvir, usaste-me como como uma coisa que se põe em casa para enfeitar.
Fiquei quando pediste para ficar, ouvi-te quando precisas-te de falar, falei quando precisavas de ouvir, estive lá quando pedias, sem pedires e sai quando não querias. Fiz-te rir, ri-me contigo, vi os teus olhos chorar, senti a tristeza contigo, ouvi os teus sonhos... rocei a tua alma.
No fim desapareceste, ignoraste, sem sequer falar, nem me deixar falar. Afinal objectos não falam, nem sentem. Isso faz-te sentir melhor. Quando gemi de dores e tentei falar, senti a tua frieza, não mereci mais que justificações incoerentes e arrogantes de uma pessoa presa dentro de si. Fui acusado de passar o limite, a linha que nos separa, objectos e pessoas!... É inútil tentar.
Mas admiro-te. Nunca te vi dar tanta importância a uma outra folha de papel higiénico.
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