quinta-feira, 7 de janeiro de 2010

Ateu

Citando um louco, um poeta, um eterno sábio, que já na altura dele entendia as loucuras dos homens. Há quem o diga niilista, há quem o chame de anti cristo, depressivo e há quem queira suspender o ensino da sua obra. Acima de tudo valorizava a vida.

"Eu vos anuncio o super-homem, aquele que há-de dominar a terra. O homem é superável. O que fizeste para o superar?"

Ele defende que não existe um deus, esse "deus" existe dentro de cada um de nós, um super homem. Quanto mais simples, puros e humanos formos na nossa humanidade, mais nos aproximamos do deus que todos falam.
As pessoas amam e acreditam em algo supraterrestre e deixam de ser fiéis a terra, a sua essência, aos outros. Não há pior derrota que acreditar em algo que não existe para suportar a existência.

Leio com emoção as palavras deste louco.

"Eu só amo aqueles que sabem viver se extinguindo, porque são esses os que atravessam de um lado para outro lado...
Amo os que não procuram por detrás das estrelas uma razão para sucumbir e oferecer-se em sacrifício, mas se sacrificam pela terra, para que a terra pertença um dia ao Super-homem.
Amo o que vive para conhecer, e que quer conhecer, para que um dia viva o Super-homem...
Amo o que não reserva para si uma gota de seu espírito, mas quer ser inteiramente o espírito de sua virtude, porque assim atravessa a ponte como espírito.
Amo o que faz da sua virtude a sua tendência e o seu destino, pois assim, por sua virtude, quererá viver ainda e não viver mais...
Amo o que prodigaliza sua alma, o que não quer receber agradecimentos nem restitui, porque dá sempre e não quer se poupar...
Amo o que justifica os homens vindouros e redime os passados, porque quer sucumbir ante os presentes...
Amo aquele cuja alma é profunda, mesmo quando ferida, e pode ser aniquilada por um leve acidente, porque assim de bom grado passará a ponte.
Amo aquele cuja alma transborda, a ponto de se esquecer de si mesmo, e todas as coisas estão nele, porque assim todas as coisas se farão para seu ocaso.
Amo o que tem espírito e coração livres, porque assim sua cabeça apenas serve de entranhas ao seu coração, mas o seu coração o leva a sucumbir.
Amo todos os que são como gotas pesadas que caem uma a uma da nuvem escura suspensa sobre os homens; anunciam o relâmpago próximo e perecem como anunciadores.
Vede: eu sou um anunciador do raio e uma pesada gota procedente da nuvem; mas esse raio chama-se Super-homem."

Sou ateu aos olhos da sociedade. Mas a minha crença é mais pura que qualquer outra.



texto retirado da obra de Nietzsche "Assim falou Zaratrusta".

Sem comentários:

Enviar um comentário

Loja para mascotes