Não te conhecia, até te ver naquele café... Sentavas-te sempre no lado da esplanada oposto ao meu, a ler.
Reparei nos teus cabelos castanhos, caídos. E na atitude confiante que transpunhas. Uma semana depois, voltaste lá e notei no teu nariz deliciosamente empinado e a forma como ajustavas os óculos por cima dele. Mais uma semana e fiquei suspenso a reparar no teu peito, perfeito, por baixo da tua blusa, sem respirar.
A cada semana aproximava-me do teu lado da esplanada, devagar. Nos dias mais quentes trazias roupas mais curtas e notava os teus delicados tornozelos. Perdia-me a observar-te. Quando sorrias timidamente, olhava para os teus lábios e imaginava-me a beijá-los. Um arrepio percorria-me o corpo. Atrás dos óculos , uns olhos amêndoa, fixados no livro. Quase que aposto que o livro não resistia a fixa-los também. Até sou capaz de jurar que o vi a suspirar por ti.
Houve uma semana que me sentei na mesa mesmo junto à tua e sem conseguir resistir, inclinei-me o suficiente para sentir o aroma dos teus cabelos. Misturado com o teu perfume. Maravilhoso. Doce. Senti-me a tremer, pelo esforço de me conter e não te perturbar.
Até que um dia mais tarde, me cruzei contigo noutro sítio, noutro lugar e sorriste para mim. Nesse dia deixei de frequentar aquele café. Passas-te a ser como as outras.
morcheeba - undress me now
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