domingo, 31 de janeiro de 2010

Perfeito

Saudades de acordar na tenda, o ar fresco do mar, espreitar pelo fecho e com o sol timido da madrugada a bater na cara ver o swell. Meter o sound system a pulsar reggae e dissolvido no meio da natureza, tomar o pequeno almoço e seguir para o pico mais próximo com a babe debaixo do braço.
Ao fim do dia, corpo frio e dorido, alma quentinha... apreciar, levemente, a beleza das coisas mais simples da vida.
Haverá algo melhor?


roots :)

burning spear - walk

Sentir

Falar sobre o tempo. Falar sobre o episódio daquela série. Falar sobre o nosso papel na vida.
Quando se trocam banalidades não se corre o risco de mostrar solidão ou que sentimos dor. Não temos de nos preocupar com sentimentos inesperados.
Mas também não experimentamos a alegria súbita e irresístivel. O sentimento de estarmos realmente vivos.
A razão de às vezes não gostar da simples troca de banalidades é o facto de já ter revelado mais do que qualquer palavra o possa fazer.

É o facto de ter saudades de sentir as tuas palavras a falarem dos teus sentimentos.

sábado, 30 de janeiro de 2010

Falar

Às vezes esquecemos-nos de como se fazem as coisas mais fáceis.

sexta-feira, 29 de janeiro de 2010

Will you...

... touch my soul?



bob marley - satisfy my soul

Will you...

... touch my heart?



nirvana - come as you are

Will you...

... touch my body?



doors - you make me real

terça-feira, 26 de janeiro de 2010

Desânimo

É fodido encontrar alguma poesia em certos dias...

Apetece fumar umas bogas e ser feliz. Não sei se será da merda que nos rodeia, do tempo ou das dores de garganta, mas que apetece, lá isso apetece.

segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

Momentos

Não te conhecia, até te ver naquele café... Sentavas-te sempre no lado da esplanada oposto ao meu, a ler.
Reparei nos teus cabelos castanhos, caídos. E na atitude confiante que transpunhas. Uma semana depois, voltaste lá e notei no teu nariz deliciosamente empinado e a forma como ajustavas os óculos por cima dele. Mais uma semana e fiquei suspenso a reparar no teu peito, perfeito, por baixo da tua blusa, sem respirar.
A cada semana aproximava-me do teu lado da esplanada, devagar. Nos dias mais quentes trazias roupas mais curtas e notava os teus delicados tornozelos. Perdia-me a observar-te. Quando sorrias timidamente, olhava para os teus lábios e imaginava-me a beijá-los. Um arrepio percorria-me o corpo. Atrás dos óculos , uns olhos amêndoa, fixados no livro. Quase que aposto que o livro não resistia a fixa-los também. Até sou capaz de jurar que o vi a suspirar por ti.
Houve uma semana que me sentei na mesa mesmo junto à tua e sem conseguir resistir, inclinei-me o suficiente para sentir o aroma dos teus cabelos. Misturado com o teu perfume. Maravilhoso. Doce. Senti-me a tremer, pelo esforço de me conter e não te perturbar.

Até que um dia mais tarde, me cruzei contigo noutro sítio, noutro lugar e sorriste para mim. Nesse dia deixei de frequentar aquele café. Passas-te a ser como as outras.



morcheeba - undress me now

sábado, 23 de janeiro de 2010

Aflições

Estar aflito e não poder ir mijar e só coonseguir pensar em geiseres, cataratas e milhões de litros de água a brotar, espirrar, escorrer, jorrar, esparrinhar, escoar, verter, pingar, vazar, gotejar. A imaginação é fodida nas horas de maior aflição.

What the hell is love

Antes dizias que não podias responder-me durante o trabalho porque te desconcentravas, hoje com desconcentração respondes-me frases que expressam sentimentos vazios.
Como criança que sou, pedi-te para ficares... mas nunca te pedi para não partires.

Hoje, triste, vejo que talvez, sem te aperceberes e sem me perceberes, ficas-te. Como que folhas vazias de um livro inacabado.



k's choice - what the hell is love

Coragem

O bom de ter a noção que não se tem nada é não ter medo de perder. Não tenho medo de amar, não tenho medo de não chegar, nem de não te dar tudo o que precisas. Não tenho medo de levar uma sova. Não tenho medo da chuva, não tenho medo da vida, nem de me apaixonar. Muito menos de ser feliz. Não tenho medo de não ter uma mão que me dê palmadinhas nas costas, nem um abraço quentinho, que me faça sentir que a vida é eterna.
Não é... a vida flui, corre e quando damos por ela passou. Janelas fecham-se, abrem-se porta. Ciclos. Simples olhares.
Não tenho medo das "coisas que são boas demais para ser verdade". Não tenho medo que as coisas se evaporem, adormeçam num sono profundo e eterno.
As pessoas temem não perceber as coisas, não compreendem a fluidez da vida e correm, para longe. Fogem. Porque se forem mais rápidas, nunca perdem. Não percebem que só parados é que realmente compreendemos as coisas importantes. Tornam-se no oposto do que desejam, a pensar que vão sobreviver. Tornam-se no seu próprio medo.
Na tristeza também se voa... o prazer das alturas às vezes engana e escondem-se lágrimas na beleza de um sorriso.

Não tenho medo de dar o que de melhor tenho, por não ter medo que um dia se esgote.



jack johnson - never know

quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

We are free

tu, foste como um dia de folga entre dois compromissos adiados.
e é a lembrança dessa felicidade que me ilumina as palavras.
não digo que te amei por ter possuído o teu corpo, mas sim por ter roçado a tua alma.
se pudesse estar apenas perto de ti, a ouvir a tua voz,
a demorar o meu olhar sobre o teu, ter-te-ia amado na mesma..
fiquei preso no que está para lá do visível; enredado entre as folhas da tua verdadeira essência.
não sei se ainda és aquela que encontrei. mas, naquela tarde,
sozinhos entre as paredes frescas da casa, foste, definitivamente tudo.

de, "segura-te ao meu peito em chamas" - Possidónio Cachapa



well open up your mind and see like me
open up your plans and damn you're free


Hoje cantei isto pelo meio da rua... que se lixem os desafinados que por mim passavam :)

terça-feira, 19 de janeiro de 2010

Fácil

Para alguns é fácil, por palavras, exprimir o que se sente. Difícil é fazê-lo através de gestos e atitudes. É fácil abraçar, dar um aperto de mão, dar um beijo, dificil é sentir a energia que esses gestos carregam. Fácil é estar na lista de amigos e de telemóvel de alguém. Dificil é estar no coração.
É fácil sabermos o que queremos ser, mas é dificil sabermos quem realmente somos. Sonhar de noite, é fácil, torna-se dificil quando realmente tentamos perseguir esse sonho. É fácil adorar uma lua cheia, dificil é aceitar o outro lado.
É fácil viver o presente, por vezes dificil é deixar o passado lá atrás. Muita gente sonha em serem amadas. Isso é fácil. Dificil é amarem sozinhas. É fácil tropeçar e cair, dificil é levantar-mos-nos com os joelhos esfolados. Beijar é fácil... mas entregar a alma é bastante dificil. Estar rodeado de pessoas amigas e porreiras é fácil. Fodido é aceitar que no fundo estamos sozinhos no meio delas. Dizer "oi", "tudo bem?" é banal. Dificil é dizer "Adeus". Fácil é ser colega, companheiro e estar lá quando é preciso, para animar. Dificil é ser amigo, partilhar o silêncio e dizer sempre a verdade quando fôr preciso.

Todos nos perdemos, alguns pelos caminhos mais fáceis.

Hoje... precisei mesmo de um abraço teu. Dúvido que precisas dele... Mas eu precisei mesmo de to dar.



Rir e chorar quando nos apetece é fácil. Dificil é mesmo sorrir quando temos uma enorme vontande de chorar.

Comentários

O problema dos blogs é serem públicos. E quando decidi criá-lo não pensei vir a despir-me de tal maneira em frente a conhecidos e estranhos.

Muito do que escrevo vem de recantos da minha alma, que nem eu conheço bem, portanto não posso pedir que me entendam e que entendam o que escrevo. Pelo menos, não posso esperar que o entendam da mesma maneira que eu. Nem tentem, para me descobrir é preciso muito mais do que ler o que escrevo. Também eu me descubro em cada linha de texto que nasce, em cada sentimento que exteriorizo. No fundo, ter um blog é vencer o medo de ser imcompreendido.
Odeio que me tentem perceber sem nunca me terem conhecido. Odeio que me digam o que devo fazer e como vai ser o meu futuro se não fizer isto e aquilo. Porque eu não quero saber como vai ser, estou-me a cagar.

Sei que estou longe de acertar todas as escolhas que faço, mas sinceramente, as que mais lamento são as escolhas que nunca fiz... por medo do desconhecido, dúvida, insegurança, timidez. Medo de ficar mal, parecer mal, fazer figura de parvo.
Abstenham-se da vossa sabedoria nos meus comentários, desculpem o egocentrismo, mas este espaço é MEU. Não preciso da sabedoria deturpada que teimam em impingir. A sabedoria é de cada um, das vivências de cada um, não se pode passar assim. Vão vendê-la para outra porta.

Não tenho ressentimentos. Tenho nostalgia de algumas coisas que vivi e se perderam. Lamento que haja quem tenha ressentimentos de mim. Talvez merecam ser amadas mais do que eu alguma vez consegui amar.

segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

Olhares

Uma amiga minha há uns tempos disse-me que estamos destinados a procurar de novo aquilo que perdemos. Será que por ter sido por nossa vontade que o perdemos, esse efeito é maior?

Hà dias surgiu-me no pensamento isto. "Eu já vi este olhar". Noutra pessoa bem diferente de ti. Esse olhar era meu. Não era teu. O olhar é o mesmo e por muito diferente que sejas dela, o que me fascina em ti é o olhar dela.

Nostalgia.

Duvido que me leias...

...mas se por acaso o fizeres, como não tenho a capacidade para meter conversa contigo, muito menos rodeada de pessoas, fica sabendo que me teria dirigido a ti e dir-te-ia que se fosses uma jogada de basket, eras um triplo de meio campo, lançado de costas.

domingo, 17 de janeiro de 2010

Jantar

Fui jantar a um restaurante que não me recordo do nome, ali para os lados da buraca. Há jantares que estão mesmo destinados a não correr bem e com isto provo que uma educação reprimida, acaba por dar para o torto, cedo ou tarde e é substituida pela natureza daquilo que homem na verdade ainda é... um caçador.

Os convidados eram muitos. A festa era de uma amiga. Tirando-a a ela, só conhecia mais outro amigo meu, que ficou sentado ao meu lado. É tão bom ter imensos amigos... a minha amiga tem-nos. Quando se tem assim tantos amigos, corre-se o risco que um ou outro acabe por ter uma figura de inadaptado maior do que a minha. Assim fiquei ligeiramente mais descansado. Além disso no restaurante havia outras pessoas, noutras mesas, que me faziam acreditar que eu estava no bom caminho. Nomeadamente um senhor com calças vermelhas a perder a cor, restatelado na cadeira como se fosse um sofá e ar de labrego que no entanto estava acompanhado por uma gaja que de costas nem parecia ter mau aspecto.

Tendo em conta que não gosto de vinho. Mas gosto de sangria. Num jantar em que todos pedem vinhos e discutem as marcas e modelos, ter de dizer que não se gosta de vinho, mas pode ser sangria, não é muito viril, para mais quando não se conhece ninguém.

Enquanto todos vasculhavam a ementa para verem o que iam comer, eu decidi pedir naco de novilho na pedra. O meu prato foi o último a chegar e ainda tive de o cozinhar. Portanto estava eu sentado à mesa, com um jarro de sangria só para mim e um boi bébé que à vista desarmada deixava sérias dúvidas sobre o seu estado de saúde. Se me tivessem dito que aquilo estava vivo, ainda lhe tinha feito umas festinhas.
Ora o "prato" era composto por um naco de carne de 3 metros de altura e uma pedra a escaldar. A quantidade de calor que aquela pedrinha emanava nem uma orelha do boi conseguia grelhar, quanto mais um boi inteiro.
A estratégia seria ir cortando pequenos filetes de carne e ir cozinhando... mas é um bocado complicado cortar carne que ainda mexe e faz "muuu" com a consistência de uma bola gigante de borracha. Passados poucos minutos já a pedra tinha perdido todo o calor e restava-me um naco de carne gigante com sangue coagulado. Isso e a cara de nojo das pessoas que olhavam para aquilo.
Chamei o empregado, pedi-lhe que fizesse qualquer coisa em relação ao assunto. Eu estava cheio de fome e já quase todos tinham acabado de comer. O empregado pareceu não ligar muito e preferia estar na conversa com umas raparigas de outra mesa do que tratar do raio da minha carne. Após alguma insistência, educada, lá disse que me ia trazer outra pedra.
Outra pedra?! Podia ter pegado no naco e levado para a cozinha para passar... de qualquer maneira ainda gostava que me dissessem quanto tempo demora uma pedra a aquecer é que entretanto passaram 15 minutos e eu continuava com a carne cheia de sangue em cima da mesa.
Passou-se mais um tempo e eu não só já não gozava com a situação como não ligava aos olhares de gozo que me eram dirigidos. A compostura foi toda atirada às urtigas. O Gonçalo educado (quer-se dizer, com as piadas em voz alta que passei o jantar todo a mandar, nem sei se o cheguei a ser nalgum instante) transfigurou-se.

- ENTÃO MAS AQUELE FILHO DA PUTA CONTINUA NA PALHETA? MAS QUE É QUE AQUELE MERDAS ESTÁ CÁ A FAZER?

Eu acho que se ouviu na nossa mesa e em mais algumas. Não podia ter descido mais baixo. Nisto ele passa por mim e a educação já se tinha ido toda, só me saiu um "mas isso vem ou não?".

Se não fosse a fome que tinha, aquele cheiro enjoativo de carne teria tomado conta de mim. Fica o anotamento que a única forma de voltar aquele restaurante é se eu for a pedra e a Soraia Chaves o naco de carne.

De qualquer maneira obrigado, há muito que não me ria de forma tão alarve. E aposto que as pessoas mais próximas de nós, dirão o mesmo.

sexta-feira, 15 de janeiro de 2010

Viagem interior



Ia escrever a minha interpretação desta música, mas não o vou fazer. Vou simplesmente devanear.

Há dias, que nos sentimos tão vazios. Sem razão aparente, comparado com as pessoas que me cruzo no dia-a-dia. Mas que falta algo, falta. Algo a que não consigo ficar indiferente. Este vazio dá-me uma imensa vontade de ir e partir. Deixar-me levar pelos ventos de venus e a velejar pela galáxia, descobrir as várias faces da lua, apaixonar-me por uma estrela cadente, enquanto o sol, ali pertinho, ilumina a cadente rocha fria e me aquece a alma.
Há dias que custa acentar por completo os pés na terra, há dias que os pés estão na terra, mas o resto está a passear na lua.
Há dias que se torna sufocante manter a alma em cativeiro. Até pode vir mozart e tae-bo, que não há maneira de a acalmar.
Mas também sei que a felicidade não está na lua, nem em mundos distantes. Está mesmo a nossa frente, no mundo de cada uma das pessoas que passa por nós. A felicidade está nas coisas pequenas, frango assado, conversas de 5 horas, uma dança... e ela, a desconhecida.
Às vezes voar demais faz-nos perder as coisas que passam cá por baixo. E lá no alto. Estamos sozinhos. Se for para voar que seja acompanhado. Se não a nossa única companhia será a solidão da nossa alma, à deriva no infinito.

Há dias que parece uma boa opção. Prefiro esperar, pela tua mão.


E com isto, hoje adormeço com ela. A música, claro está :)

quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

Farto

Ando a procura de casa, já tive em algumas, mas a ideia de viver num buraco com sanita, canos e eletricidade não me agrada lá muito.
Enquanto isso, aproveito a casa farta, da minha mãe. A minha mãe farta da minha irmã, a minha irmã farta da minha mãe, o namorado da minha irmã farto das duas, a minha cadela farta do gato e eu farto de todos.
Eu já não regulo muito bem, por este andar fico demente antes dos 30. É que chega ao ponto de ser "lar doce lar de idosos, que andamos todos à chapada".

O que vale é que a experiência vai-me fazendo conseguir abstrair disto tudo. Experiência, as pequenas coisas da vida, as molhas matinais que me fazem sorrir, o sol a espreitar, amigos, amigas que gostam de cerveja... e a menina do parque.



Há sempre algo que nos mantém de pé. Mais não seja... o sonho de um dia nos levantarmos.

quarta-feira, 13 de janeiro de 2010

Cagalhoto

Hoje por momento apeteceu-me elevar este blog ao mais baixo nível no que toca a ideias e sentimentos. Posso-vos só dizer que mete mulheres e pensamento do mais macho que pode haver. Mas isso fica para outro dia.
No entanto partilho com vocês que passei os olhos por um interessante livro, sobre como nos afiambrar-mos a uma gaja. Não que eu precise, mas acho piada. E foi devido a isso, que em conversa com um amigo, originou o tal pensamento que vos falava, que não será divulgado hoje, mas certamente o será, a seu tempo.
O que diz no livro basicamente é como fazer com que as mulheres façam o que queremos, sem necessidade de grande malvadez (não diz para sermos cabrões, mas ajuda), que precisamos de ter um grau de frieza e racionalidade que vai para além do que sou capaz, embora teoria tenha muita. Sei que quero queijo, sei o que tenho de fazer para conseguir queijo e ninguém me impede de chegar a ele. Não me preocupo se corto fatias grossas demais ou finas, se desperdiço queijo e até mesmo se o atiro à toa para o caixote. Mas lá está... Sou uma lésbica com barba de três dias (actualmente já vão umas duas semanas), bicepes e peito definido.

Eu, sentimentos? Que coisa tão abixanada e vulnerável. É disto que elas gostam. Acabam sempre por comer os parvalhões. Ora bom proveito então.

Numa época que todos parecem meditar e pensar sobre questões profundas, que qualquer bartolo questiona a vida e a razão de estar na terra, que tentam exteriorizar aquele sentimento que lhes causa formigueiro na barriga, mesmo sabendo que não passam de cólicas. Em que pensar que se pensa, está na moda. Ter ideias completamente idiotas é a única forma de nos mostrar-mos diferentes.

Eu pergunto-vos... é de mim ou cagalhoto é uma palavra extremamente divertida?

terça-feira, 12 de janeiro de 2010

Musicando por aqui...

a menina do parque

Já há umas semanas que vou regularmente tomar café ao mesmo sítio, mas agora vou passar a ir todos os dias tomar café aquele sítio. Junto ao parque. Só para ver aquela miúda de olhos verdes, profundos, cativantes, sorrisinho meigo, cabelo castanho escadeado em forma de desarranjo altamente sensual e allstars.

Devido a minha extrema falta de aptidão para meter conversa com mulheres que não conheço, é altamente improvável que consiga arranjar tomates para falar com ela. Mas ao menos não há espaço para desilusões.

segunda-feira, 11 de janeiro de 2010

Vizinhos

O problema é o seguinte. Viver num apartamento não é pera doce, por um lado estou safo que moro no último andar, mas por baixo tenho vizinhos.
Vizinhos que não sei bem quem são, mas têm uma extrema falta de sensibilidade e quase que aposto que se vestem mal, cheiram mal dos pés e têm os pelos do nariz assustadoramente grandes tal antenas rádio que procuram emissões extraterrestres.

Como todos que me conhecem, sabem que sou um verdadeiro amante de música. Sempre que estou em casa, até ao momento que vou dormir (alguns dias até durante o sono) tenho as colunas a debitar décibeis.

Eram umas 3 da manhã, estava eu a dar uma última vista de olhos pelo facebook e a ver as fotos da ruth marlene na playboy, a preparar-me para ir para a cama. Desliguei tudo e senti alguém por baixo a bater com qualquer coisa no tecto. Não liguei, pensei que estavam a gostar da música e pediam ferverosamente o encore.

Ontem às 23h00... a coisa foi mais violenta. O panorama era outra vez musical, pé a bater ao som da música no chão. Sinto novamente as pancadas, mas com um tom mais arruaceiro, de malvadez e desrespeito reprimidos durante uma década.

Posto isto, o que se passa é que eu tenho mais que fazer e às horas que bem me apetecer. Uns antigos vizinhos meus até apreciavam a minha actividade nocturna e admitiam adormecer sem problemas. Quem são agora estes para vir aqui ditar o que posso ou não fazer.
Imaginemos que trago cá raparigas a casa... vou reduzir o nível das minhas performances para o vizinho dormir melhor?
Como às vezes sou um pouco impulsivo e não meço bem as coisas que faço, decidi aconselhar-me com a filha do senhor do café, que tem quase 16 anos e portanto tem algum juízo, mas não fiquei satisfeito. Disse-me que há limites e estou a ser egoísta. Não acho, não estou a ser egoísta... na primeira parte até concordo, há limites! e os vizinhos debaixo já andam a passar das marcas.
Hoje meti-me a pensar numa solução, que é a seguinte.  Vou fazer tanto barulho a noite toda, que ninguém vai conseguir dormir. O que vai fazer com que cheguem tarde ao trabalho, ou todos arruinados por uma noite mal dormida. O seu desempenho vai sofrer tanto ao ponto de serem despedidos e não terem dinheiro para pagar a renda do apartamento.

O resultado será? uma vida mais descansadinha. Para quem?

Para mim.



Time to relax...
....
...
..
After all, music soothes even the savage beast....

sábado, 9 de janeiro de 2010

Nirvana

Ele tinha amigos, era conhecido, tinha dinheiro, um porto seguro para onde voltar, gajas, droga e fazia as suas loucuras. Não havia mais nada para experimentar, para ver.
Uma noite, dois amigos, álcool, umas linhas de coca, um carro. A loucura de ter tudo e não ter nada, o prazer da sensação de voar, o prazer da sensação de leveza, de liberdade, queria mais. A adrenalina a galopar nas veias e no cérebro. A inconsciência de quem sabe o que quer e tem a coragem suficiente para o conseguir.
Um carro de frente. Uma luz tão intensa que cega a vista. E a seguir a paz e satisfação total. Aquela paz que tanto procurou, mas não encontrou. Aquela paz que muitos tem e não lhe dão valor. O sentimento de liberdade que o amor nos trás, em que a nossa alma perde-se com a dela na luz da noite, nas ruas e ruelas, por baixo dos lençóis, aconchegados. E o nosso corpo descansa em paz.

Hoje, sempre que o mundo lhe vira as costas e não encontra amor. Diz que nunca sentiu nada igual àquela paz. Quando a alma por momentos lhe saiu do corpo e ficou leve. livre.

Ressaca

Hoje o mundo está frio e barulhento. E confuso. As coisas parecem fora de sítio... até mesmo eu. Mas o sol espalha uma luz imaculada que me fere os olhos. Fecho-os. Aquece-me a cara. Um sensação de vazio, uma inquietude e insatisfação a corroer-me as entranhas. Abro os olhos, a custo, semi cerrados. Olho em volto... não encontro nada. Sinto falta de algo.

Será a isto que chamam de ressaca?

quinta-feira, 7 de janeiro de 2010

Que haja coerência!

Já muitos de vocês devem ter passado por isto. Beijar uma pessoa pela primeira vez e assim do nada, sentir a lingua da outra pessoa sem estarem à espera.
No meio da marmelada assim uma visita inesperada. Obviamente que a nossa reacção não é a mais natural, a outra pessoa repara que não estávamos à espera e acalma a coisa.
Nós, apercebendo-nos e não querendo que lhe falte nada, siga de lhe enfiar a lingua também, sendo que agora é ela que não estava a espera.

Posto isto... não seria boa ideia criar um manual de boas práticas para estas merdas, consoante um padrão de bom senso universal? Caso contrário... exijo que haja coerência!
Se me vais enfiar a lingua pela boca a dentro porque te parece boa altura, depois não te metas com rodeios na hora de tirar a roupa na altura que eu ache mais apropriada.

Ateu

Citando um louco, um poeta, um eterno sábio, que já na altura dele entendia as loucuras dos homens. Há quem o diga niilista, há quem o chame de anti cristo, depressivo e há quem queira suspender o ensino da sua obra. Acima de tudo valorizava a vida.

"Eu vos anuncio o super-homem, aquele que há-de dominar a terra. O homem é superável. O que fizeste para o superar?"

Ele defende que não existe um deus, esse "deus" existe dentro de cada um de nós, um super homem. Quanto mais simples, puros e humanos formos na nossa humanidade, mais nos aproximamos do deus que todos falam.
As pessoas amam e acreditam em algo supraterrestre e deixam de ser fiéis a terra, a sua essência, aos outros. Não há pior derrota que acreditar em algo que não existe para suportar a existência.

Leio com emoção as palavras deste louco.

"Eu só amo aqueles que sabem viver se extinguindo, porque são esses os que atravessam de um lado para outro lado...
Amo os que não procuram por detrás das estrelas uma razão para sucumbir e oferecer-se em sacrifício, mas se sacrificam pela terra, para que a terra pertença um dia ao Super-homem.
Amo o que vive para conhecer, e que quer conhecer, para que um dia viva o Super-homem...
Amo o que não reserva para si uma gota de seu espírito, mas quer ser inteiramente o espírito de sua virtude, porque assim atravessa a ponte como espírito.
Amo o que faz da sua virtude a sua tendência e o seu destino, pois assim, por sua virtude, quererá viver ainda e não viver mais...
Amo o que prodigaliza sua alma, o que não quer receber agradecimentos nem restitui, porque dá sempre e não quer se poupar...
Amo o que justifica os homens vindouros e redime os passados, porque quer sucumbir ante os presentes...
Amo aquele cuja alma é profunda, mesmo quando ferida, e pode ser aniquilada por um leve acidente, porque assim de bom grado passará a ponte.
Amo aquele cuja alma transborda, a ponto de se esquecer de si mesmo, e todas as coisas estão nele, porque assim todas as coisas se farão para seu ocaso.
Amo o que tem espírito e coração livres, porque assim sua cabeça apenas serve de entranhas ao seu coração, mas o seu coração o leva a sucumbir.
Amo todos os que são como gotas pesadas que caem uma a uma da nuvem escura suspensa sobre os homens; anunciam o relâmpago próximo e perecem como anunciadores.
Vede: eu sou um anunciador do raio e uma pesada gota procedente da nuvem; mas esse raio chama-se Super-homem."

Sou ateu aos olhos da sociedade. Mas a minha crença é mais pura que qualquer outra.



texto retirado da obra de Nietzsche "Assim falou Zaratrusta".

quarta-feira, 6 de janeiro de 2010

Coração

Abriste-me a porta com aquele ar de desinteresse "Que queres...". Disse-te olá, que vinha buscar o meu coração de volta, não podia viver assim. Disseste-me para entrar, foste à cozinha, abriste a arca frigorifica e começaste a remexer em sacos, com ar comprometido disseste "Sabes.. começava a cheirar mal, tive de o deitar fora há uns dias atrás". Fiquei pálido. E agora, como vou viver. Percebendo a minha preocupação, lá disseste "O que tenho aqui assim mais fresquinho são estas tripas, estava a pensar fazê-las este fim de semana...". Agarrei no saco, "Se é o que tens...", virei costas...

E lá fiz das tripas coração.

terça-feira, 5 de janeiro de 2010

Valores

Dei-te o meu coração num tabuleiro de prata.

Obrigado.

Foste tu a agradecer o tabuleiro e a dizer que atiras-te fora a coisa nojenta e palpitante que estava em cima dele.

segunda-feira, 4 de janeiro de 2010

Cansado

Estou cansado de viver aqui.
Estou cansado que me falem em objectivos e resultados. Estou cansado de horários e do tempo, que só serve para nos atrasarmos todos uns em relação aos outros.
Estou cansado das pessoas e da falta de humor e leveza. Cansado da hipócrisia, dos risos e lágrimas falsos. Cansado das pessoas fúteis.
Estou cansado de pessoas estúpidas. Cansado de conversas de café. Cansado da miséria que nos rodeia.
Estou cansado de mim, cansado de não ser frio e indiferente a tudo isto.
Estou cansado de sonhar, de ter sentimentos, de vaguear no imaginário.
Estou cansado de ter que esconder sentimentos.
Estou cansado de escrever e de pensar.
Estou cansado de não me encontrar, de estar sem rumo, mesmo não estando perdido.
Estou cansado de mim, cansado de ti, cansado...
Estou cansado de pensar em ti, gostava de te arrancar à dentada da minha cabeça. Foda-se, nem sei quem és.
Estou cansado de te procurar, cansado de arranjar desculpas para não te procurar.
Estou cansado de procurar e não encontrar nada. Estou cansado deste vazio cada vez maior.
Estou cansado...
Cansado de ter de lutar, cansado de me erguer, quando queria simplesmente deitar-me.
Estou cansado nem sei porquê.

domingo, 3 de janeiro de 2010

Musicando por aqui...

Porque não me apetece escrever... vou simplesmente musicar.



i blame myself for what i can't ignore, i blame myself for wanting more.
can't be perfect, i'm just a human being

sexta-feira, 1 de janeiro de 2010

Começo

Fim de ano, a algazarra de sempre, festas de arromba. Vamos comemorar, juntar os amigos todos, mesmo os que não falamos. Vamos desejar prosperidade a todos para o ano que se avizinha, mesmo os que não conhecemos. Um novo ano vai começar. Ano novo, vida nova, ouve-se de boca cheia em todos os recantos. Tudo vai mudar, são as aspirações de muita gente.
Mas será preciso esperar um ano para isto? Faz-se rescaldo do que passou, fazem-se planos para o futuro incerto.
Todos os dias vivemos algo muito superior a isto tudo, que ninguém liga, passa ao lado, ninguém desfruta dele. Esquecem-se do momento.



É aqui que tudo começa. Que me apercebo que tudo é um ciclo, tudo acaba e recomeça. E são estes momentos que me lembram que temos de fazer todos os dias melhores. :)

Musicando por aqui...



a nossa única liberdade é longe delas
Loja para mascotes